segunda-feira, 9 de novembro de 2009

DoSol à Lua – Resenha 1º Dia


Subi morro, ladeira, córrego, beco, favela, até chegar lá. Das ruas que circundam o recanto mais pop do underground potyguar, a Rua Chile, já se escutavam os sons vindo da nona edição do Festival do Sol. Sábado, o primeiro dia de festival ja é conhecido pelos ritmos dançantes e bandas mais “lights”, ao contrário da conhecida brutalidade das bandas do segundo dia. Cheguei propositalmente atrasado – 18 horas - , o festival começava as 15:30, e as primeiras bandas não me chamavam tanta atenção. Entrei no Armazém Hall e os catarinenses do Cassim & Barbaria já estavam no palco. Com um som experimental, dois bateristas e um baixista a lá Tropeço (ver: Família Addams) a banda não estigou muito o público presente, que só se mexeram quando o vocalista jogou um punhado de apitos de plástico para que o pessoal assoprasse e fizesse as zuadas necessárias para compor uma música.


Cassim e Barbária


Não assisti ao show do Bugs. Em seguida vieram os baianos do Vendo 147, excelente banda de instrumental, a qual eu já havia baixado um EP que nem pode ser comparado ao que os caras fazem ao vivo. Passando por cima do pouco espaço reservado para a bateria – e que daria trabalho para outros bateristas – o Vendo 147 colocou dois bateristas para tocaram na mesma bateria, um de frente para o outro, com direito a trilha de Caverna do Dragão e tudo mais. Resultado: uma das melhores atrações do festival.


Vendo 147


Depois vieram os comedores de camarão d’Os Bonnies, com seu roquenrôu pra lá de conhecido nessa terrinha de Noel. Depois d’Os Bonnies, foi a vez do organizador do festival – Anderson Foca - apresentar o seu novo trabalho como baixita do Rejects. A banda até que tem um som trabalhado, mas nada de muito novo, mantendo a linha de bandas como Motorhead, Metallica e afins. A banda só animou o público, quando tocou um cover de “Rockin’in the Free World” do Neil Young.


Sick Sick Sinners


Três figuras. Dois topetes/moicanos ao melhor estilo rockabilly/anos 50. Uma guitarra. Uma bateria. E um baixo acústico estilizado, com o nome da banda curitibana de psychobilly, Sick Sick Sinners, era o que compunha o palco do DoSol, enquanto uns baianos aqueciam seus Retrofoguetes, no palco do Armazém. Esta foi mais uma banda que encabeçou a minha lista de melhores atrações do festival. Com um som que mistura Surf Music, música de auditório, Tarantino’s Music e roquenrôu, os caras do Retrofoguetes agitaram - e muito - o público presente. Se é pra defini-los em um único estilo musical, escolho... Divertido.


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O que poderia sair do cruzamento de Seu Madruga + Jimi Hendrix + Jack White + participação especial de Valderrama? Uma versão jamaicana de White Stripes? Não. Uma dupla sergipana chamada The Baggios. Tendo seu baterista original substituído de última hora por um jovem rapaz que muito me lembrou o colombiano Valderrama, a banda não fez feio de forma alguma. Particularmente gostei muito do som, que mistura blues, rock de garagem e otras cositas mas.


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Infelizmente perdi boa parte do show que eu tanto esperava. Quando os canadenses do Danko Jones entraram no palco, eu saí para resolver como seria a minha árdua volta pra casa, naquela – já então – madrugada. Ainda consegui escutar uma das minhas músicas favoritas “Code of the Road”, que abriu o show dos caras. Conversa vai, conversa vem. Ligações e mais ligações telefônicas em busca da resolução de meus problemas de retorno à minha humilde residência, perdi também o show da banda pernambucana Nuda.


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No momento em que os natalinos do DuSouto entraram no palco, eu já estava praladebaguidá e nem me animei tanto com o show. Não que os caras estivessem desanimados, muito pelo contrário. Eles mandaram muito bem e fizeram a galera suar a camisa ao som de músicas cantadas e dançadas em um imenso coro/corpo de baile que não deixava a banda sair do palco. Após o swing do DuSouto, o pessoal também swingado da Orquestra Boca Seca continuou embalando o pessoal com uma sonoridade tipicamente brazuca, preparando o pessoal pra o fechamento do primeiro dia com Eddie.


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A banda pernambucana conseguiu de forma mágica fazer com que, até os mais cansados, fossem embalados pelas excelentes músicas que mesclam rock, manguebeat, dub, samba e afins, com letras extremamente criativas, e que fazia todo mundo cantar junto. Ao final do primeiro dia do Festival do Sol, restou-me a boa impressão das bandas baianas de instrumental (Vendo 147 e Retrofoguetes ) e um retorno triunfal ao meu humilde domicílio, de ônibus.

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Fotos: Vanessa Trigueiro para a Revista Catorze

5 comentários:

  1. Caralho, agora você me lembrou quem o baixo do Cassim me lembra! Tropeço fuderoso!
    ehehehe

    Vendo foi do caralho!

    Ah, achei massa a sua proposital negação a algumas bandas chegando propositalmente atrasado e nem dando trela para o que vc não queria ver/escrever. Ri demais com "Não assisti ao show do bugs"

    Concordo com a denominação "divertida" para Retro. Eles já foram "novidade", apesar de ainda serem muitos bons. Mas fico com o Vendo, se tem que ficar com uma baiana.

    Sick, foi foda, tem nem o que comentar. Aquel baixo estremecia tudo, putaquepariu. Nem sabia que aquilo era possível.

    The Baggios foi legal, mas preferi Plástico Lunar, que tem o mesmo guitarra. Pena que vc chegou atrasado, eheheh.

    Ah, bicho, vou mais comentar sobre as bandas não, acabei de fazer isso na Catorze.

    Mas o seu texto é muito bom. Tava agorinha elogiando Rayanne da 14 pelo repertório de adjetivos, que é o seu caso também. Adorei as tiradinhas de onda como 'potyguar', 'terra de Noel' e 'natalinos'. Vou até assinar o teu RSS.
    Aliás, eu nem agradeci quando você comentou meu primeiro texto na 1,4%! Brigado mesmo. Gostei daquele comentário! Abraço!

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  2. Valeu Pedro. Massa mesmo teu comentário e elogios. Vindo de quem vem da até um gás a mais. Valeu mesmo! Abraço!

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  3. nao achei que o público não se empolgou com o show do Cassim, muito pelo contrario, escutei comentarios de que gostram muito do show. E foi uma pena vc no ter visto o Bugs que foi bem legal.

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  4. Jorge, também ouvi bons comentários sobre o Cassim - eu mesmo, gostei muito. Mas o pessoal ficou naquela de "-Aham, legal, gostei do som". Mas não se envolveram tanto com o show, como ocorreu com outras bandas. Entendido? É, ouvi algumas pessoas falando algumas coisas boas da apresentação do Bugs. No mais, Abraços!

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