quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Não é que Pedro fosse um cara ruim, ele só não era um cara bom


Nunca abria a porta do carro, e o principal motivo era justamente por não ter um.
Não dava gorjetas, nem dez por centos.

Não fazia direito, medicina, ou engenharia.
Não ligava pra dia dos namorados, natais, ano novo... E considerava todas essas coisas de uma falsidade e cafonice sem tamanho que, regadas a consumismos exacerbados, não valiam a pouca grana que tinha.
Não paparicava a família dela. Na verdade detestava presentinhos, bajulações, abraços, beijinhos e qualquer coisa que demonstrasse um fingimento latente.

Pedro não era um cara bom.

E por todos esses motivos - e alguns outros mais -, Pedro acreditava não ser bem quisto pela família dela. Talvez uma mentirinha, um “teatrinho”, uma falsidade, tivessem lhe caído bem e amenizado as dores, mas não era do seu feitio. A sua recusa pela religião da família dela transformara todo o embate em uma guerra santa, que, assim como todas as outras, de santa só levam o nome.

Mas Pedro sempre foi teimoso. Um amante teimoso. Sobre sua amada descansava seus olhos, e sobre sua cabeça todos os planos de um futuro feliz. E foi assim que durante muitos anos Pedro encarou a vida. Vestia sua armadura e colocava seu elmo, preparando-se para mais um dia em que teria de lutar em nome do amor.

Lutou.

Hoje, aos 86 anos, com a armadura quebrada, o elmo rachado, e as duas alianças que usa na mão esquerda, Seu Pedro descansa no banco de uma praça.
Ele sabe que não é um cara ruim, apenas lamenta o fato de não ter sido um cara bom.

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Crédito da foto:
http://www.luizberto.com/wp-content/velho_em_banco.jpg


quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Sabe qual é...


http://gestao.adv.br/blog_gestaoadvbr/wp-content/uploads/2010/07/executivo-mart1najust.jpg


...o pobrema das pessoa? É que elas só vê as aparença.




quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

vinteeseisdenovembrodedoismileonze


Tudo começou quando numa noite de verão nos sentamos à beira mar e olhamos a lua cheia. Sorrimos, gritamos, cantamos, brincamos, e resolvemos namorar. Namoramos, namoramos, namoramos... Até que um dia resolvi fazer-lhe uma surpresa. Encomendei as melhores flores, os chocolates mais caros, pedi pra sair do trabalho mais cedo, vesti minha melhor roupa, e corri para o trabalho dela. Chegando lá, sua mesa já estava abarrotada com os presentes que eu havia enviado. Percebendo o semblante de euforia em seus lindos olhos, e o belo sorriso que ensaiava sair da sua boca, decidi aproveitar esse momento. Ajoelhei-me diante de todos os seus colegas de trabalho – inclusive daquela encalhada do setor pessoal que vive falando mal da vida alheia – e disse de uma vez só: “Suylannie, casa comigo?”. Assim mesmo, rápido e rasteiro, antes que o nervosismo tomasse conta de mim e trouxesse a gagueira a tona.


Alguns breves - mas não tão rápidos - momentos se passaram até que por fim a resposta refletisse nos seus olhos e explodisse na sua boca. “Sim!”. Sim... Ela disse sim! Pronto... Está feito! Ela disse sim!


Considero-me agora um bom canalha. Pois toda essa história muy bela não passa de ficção. Exceto pelos detalhes (os lindos olhos e o belo sorriso) da menina moça Suy. O fato é que nunca começamos a namorar numa praia... Digamos que tenha sido numa quadra de basquete. Como bom canalha, nunca lhe dei flores. Já dei beijos, abraços, cacarecos, bugigangas, livros, doces, e até um hamster guardado numa embalagem de quentinha. Mas flores... Nunca. Ou melhor, lembro-me agora de um dia ter lhe dado um botão de rosa. É... Acho que foi. Mas enfim! Assim como nunca dei-lhe flores, também nunca ousei comprar os chocolates mais caros, nem ao menos vestir minha melhor roupa... Tudo isso nunca foi necessário por um simples motivo. Eu nunca pedi que ela se casasse comigo. Pelo menos não com toda a pompa e firulas que os pedidos costumam ter. Em diversas conversas que tivemos em momentos que não faziam o menor sentido. Virava-me para ela e perguntava: “Casa comigo?”. E ela sempre respondia sim.


E é com este texto sem pé nem cabeça, que eu (Alex) e ela (Suy) inauguramos este blog¹, para falar de mim, dela, de nós dois, deles, de alguém, de ninguém, mas principalmente de coisas relacionadas ao nosso casamento, programado para ser realizado daqui a um ano e sete dias. E será nesse dia 26 de novembro de 2011, que eu deixarei de ser um canalha mentiroso que inventa histórias por nunca tê-las vivido, e passarei a ser o cara que ouviu um “sim”, quando numa madrugada de sexta-feira, escrevendo um texto para um blog, afiou os dedos, escolheu as teclas, e digitou... SUYLANNIE, QUER CASAR COMIGO?

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¹Texto que escrevi para a minha pequena, e foi postado no blog dela.
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