terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Onze e vinte e cinco


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A agonia percorria seu corpo.
11:30
Duas horas depois ainda eram:
11:35
Não conseguia mais trabalhar direito.
11:40
O café ja não bastava.
11:45
Neurônios colidem com sucos gástricos.
11:50
Com toda força ele resisitia.
11:55
Depois de tanta agonia era:
12:00
Meio-dia, e o relogio marcava:
FO:ME

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Sonambulismo


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Sleep (1937), Salvador Dali

Na vida a gente nasce, sonha e morre. E nesse intermédio entre vida e morte, por vezes acordamos. Nesses pequenos momentos de despertar alguns dizem que vivemos. Mas penso que é no sonho onde verdadeiramente habitamos, pois quando nascemos, o fazemos com os olhos fechados, e ao abrirmos os olhos, ja gritamos ao mundo que algo está errado. Quando partimos, também o fazemos com os olhos cerrados. Voltamos a dormir em definitivo.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Sou jornalista e não formo opinião de seu-ninguém

Diariamente aprendo coisas relativas à área que decidi estudar e conhecer melhor. O jornalismo é recheado de vícios, manias e pré-conceitos que se propagam por gerações de forma quase que hereditária. Um dos vícios interpretativos do jornalismo é dizer que “jornalista é formador de opinião”. Ontem retwitei a seguinte mensagem da jornalista Amanda Posadzki: Sou jornalista e não formo opinião de seu-ninguém.”. Foi o bastante para que um amigo professor discordasse de tal afirmação, e procurasse “satisfações”. Ok! Admito que num país recheado de opiniões formadas, fica até difícil ir de encontro a qualquer conceito já pré-estabelecido. E com esse não é diferente.

Formar opinião é coisa séria. Quem se acha formador de opinião no mínimo menospreza a capacidade opinativa, interpretativa e cognitiva de um “indivíduo comum”. Com qual direito alguém se infiltra na mente de outrem, e reivindica pra si opiniões alheias? Em 2005 o ancora do Jornal Nacional, William Bonner, participou de um infeliz episódio onde comparou o telespectador médio com o Homer Simpson. Recentemente a Folha de São Paulo também acabou sendo mal falada nos quatro cantos do mundo pela infeliz idéia de chamar a ditadura brasileira de 1964 de ditabranda.

Os exemplos citados são pops, em debates, aulas e discussões no meio acadêmico, e representam apenas uma pequena parcela do pensamento canastrão que permeia a imprensa brasileira. Penso que o papel de um jornalista é informar, apurar, opinar (sim, opinar! A imparcialidade só é possível na total ignorância.), reportar, denunciar, investigar, fiscalizar e etc. Mas tudo isso deve ser feito com cautela (principalmente o opinar), pois para o “Homer” qualquer juízo tomado pela imprensa poderá parecer a mais soberana verdade. Alguém lembra-se da “Escola Base”?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Beba Norman Rockwell!


Assim como os milhões de internautas, meu primeiro "Bom Dia" na internet é dado ao Google. E vez por outra ele nos surpreende. Hoje ao acessar o grande oráculo, vi pela janela do computador um jovem casal - e um cachorro - se deliciando com o Sol. Ao clicar na imagem pude constatar a surpresa. Hoje é aniversário do fotógrafo, pintor e ilustrador Norman Rockwell.


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The Muscleman, 1941, por Norman Rockwell

Norma Rockwell nasceu em Nova Iorque em 1894, em consequência de um enfisema, morreu em 1978, aos 89 anos. A sua popularidade nos Estados Unidos, se deu por conta dos mais de 40 anos dedicados a ilustrar as capa - ao todo foram 321 - da revista The Saturday Evening Post. Por conta dessa popularidade, Norman chegou a pintar retratos de/para os presidentes norte-americanos Eisenhower, John Kennedy, Lyndon Johnson e Richard Nixon.



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Retrato de Richard Nixon - Óleo sobre tela de Norman Rockwell

Conhecido pelos traços cuidadosamente firmes e cores bem distribuídas, Norman costumava desenhar as vestes dos seus personagens separadas do esboço, e só depois "vesti-los". A figura escolhida pela Google para homenagear o pintor, reflete o começo da sua carreira, quando se dedicava a pintar a inocência das crianças. Conforme seus traços foram evoluindo, seus personagens assim também o faziam. No entanto, ainda quando os personagens eram adultos, eles remetiam à criança que todos nos um dia fomos.


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The Problem We All Live With, (1964-65), por Nornam Rockwell

Uma das pinturas mais famosas e polêmicas de Rockwell, é The Problem We All Live With, (1964-65), onde é retratada o primeiro dia de escola de Ruby Nell Bridges, a primeira criança negra a frequentar uma escola com crianças brancas, em Nova Orleans. Detalhe para os policiais que a escoltavam, e as marcas de tomate na parede.


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Ilustração para a Coca-Cola feita por Norman Rockwell

Norman Rockwell também trabalhou durante muitos anos como ilustrador das campanhas publicitárias da Coca-Cola.


terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Jornalismo, uma ova


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A atriz pornô provoca uma atriz "globô" e sentencia que se a dita admite a existência do beijo técnico, então obviamente haverá o boquete técnico. O jovem empresário avisa que a farra está "bombando" na varanda do seu vizinho, que é engenheiro.
Uma senhora transmite para o que ela pensa ser o mundo a apuração de uma eleição aonde o campeão de votos obteve apenas 17 sufrágios. Duas jovens jornalistas trocam posts tecendo comentários sobre o vestuário e gestos dos artistas do Grammy.

Um político de esquerda ressalta a gentileza de um prefeito de direita durante mais uma das tantas festas que viraram grandes jogadas para desvio de verba pública. O garotão diz ao amigo que só segue as bonitonas, só pra ficar vendo o que elas conversam.
Num papo atravessado entre quatro ou cinco rapagões, um avisa que o sonho do outro é ser igual a um terceiro, que por sua vez adora imitar um quarto. A cinquentona informa aos seguidores que um certo político acaba de tomar água de coco; enquanto uma outra diz toda solene que um senhor poderoso acaba de lhe telefonar em pessoa.

O diretor de empresa escreve em maiúscula um cumprimento abrindo o dia para seus próprios funcionários. Alguém avisa com ar de Cid Moreira virtual que um recém-desquitado foi expulso de uma festa por assediar a própria aniversariante.
Um deputado rasga seda para uma vereadora e já anexa juízo de valor no gesto sugerindo que o Brasil inteiro saiba da maravilhosa iniciativa da amiga. Em apenas 5 minutos, um enxame de gente "do bem" filosofa contra o meio ambiente.

Outro parlamentar, narrando suas andanças atrás de votos no interior, diz que o único assunto de interesse do povo é futebol, sem nem desconfiar da insignificância da própria andança. A gatinha jura que não ficou com o paquera da colega de escola.
Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez ou mais jornalistas se plantam no computador para emitir, a cada dois segundos, notícias que todo internauta já viu nos portais, na TV ou nos jornais. Alguns chegam a reproduzir em tempo real o portal Terra.
Entre uma consulta e outra, um médico aproveita a interação virtual para publicar algumas drogas verbais. Dois candidatos a intelectuais decidem elencar os 10 melhores filmes da última quinzena e pensam ser seguidos na empreitada por milhares.

O jovem artista comunica a quem interessar possa que sua irmã engravidou e que seu cunhado está feliz, enquanto um artista velho aconselha uma universitária a ouvir com atenção os discos de Arrigo e ler os poemas de Ana Cristina Cesar.
A velha militante comunista tenta chamar a atenção da moçada para uma campanha moralizante, mas a tropa parece seguir noutra parada. O alegre publicitário clama por companhia numa balada que vai rolar e a advogada pergunta quem chupou quem no BBB.
Uma guria retuíta uma frase de auto-ajuda que ela jura ser do amigo que ela julga um cara genial. Carcomido pelo ferrugem do provincianismo, o rapaz comenta sobre um clássico em Mossoró como se falasse da decisão de uma Copa da UEFA.

Cego pelo evangelismo petista e pelo bom troco de um cargo comissionado, o filiado compõe um fake para tentar no Twitter desmoralizar uma tese assinada pela UNESCO. A amiga do político bêbado vomita em sua página notícias glamourosas do cara e uma arquiteta comenta da infra e dos decorativos de um casamento que foi no dia anterior. Todo "sou todo gênio" um professor indica o link de um site sobre tampas de garrafa.
O assessor de governo mostra gráficos que comprovam o maravilhoso quadro nos setores de Saúde, Segurança e Educação no Estado. Já a estudante de Direito concorda com o amigo bombado que deu um "chega pra lá" num flanelinha em Pirangi.
Todos os dias, por 24 horas ininterruptas, assuntos como esses são publicados por segundo na grande rede social do Twitter, que agora é chamado de "rede de informação" por ninguém menos que o cara que o inventou.

Há uma minoria publicando coisas úteis, indicando boas reportagens e textos de opinião e análise, mas a maioria esmagadora polui o ambiente com o mesmo lixo que inviabilizou o Orkut. E é esse lixo que muita gente inteligente acha que podemos chamar de jornalismo. Mas não é mesmo, #tiremopassarinhodachuva. (AM)

Esse texto foi escrito pelo jornalista Alex Medeiros em sua coluna "Portfólio", publicada no Jornal de Hoje (Natal/RN) em 02 de Fevereiro de 2010.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Essa não é uma história de amor


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É de conhecimento universal a lazeira que bate no homem quando ele está apaixonado.

E é isso que acontece com Tom Hansen (Joseph Gordon-Levitt) em “500 Dias com Ela” ((500) Days of Summer). Tom trabalha escrevendo cartões postais comemorativos numa grande empresa do ramo. Summer Finn (Zooey Deschanel) acaba de ser contratada como secretária do chefe de Tom. No elevador, Tom escuta There Is a Light That Never Goes Out do The Smiths, ao lado dele está Summer. Ao ouvir a música que saia do headphone de Tom, Summer diz: “-I love The Smiths”. Tom retira o fone e solta um “-Sorry?”. Summer repete a sua ultima fala e acrescenta dizendo que ele tem um bom gosto para música. Tom pergunta novamente se ela gosta de The Smiths, ela diz que sim e cantarola: “To die by your side is such a heavenly way to die.” - “Morrer ao seu lado é uma forma divina de morrer...”. E assim tem início o primeiro dia de Tom com Summer. E não... Essa não é uma história de amor.


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Marc Webb é o diretor deste filme. Com grande experiência na área de videoclipes (que podem ser conferidos em seu site), Marc constrói “500 Dias com Ela” como quem monta um quebra-cabeças desordenado. Os 500 dias que Tom passa ao lado de Summer são mostrados de forma completamente anacrônica, numa tentativa de procurar onde tudo teria começado a dar errado. Uma vez que ele a ama, mas ela não.


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