quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Sou jornalista e não formo opinião de seu-ninguém

Diariamente aprendo coisas relativas à área que decidi estudar e conhecer melhor. O jornalismo é recheado de vícios, manias e pré-conceitos que se propagam por gerações de forma quase que hereditária. Um dos vícios interpretativos do jornalismo é dizer que “jornalista é formador de opinião”. Ontem retwitei a seguinte mensagem da jornalista Amanda Posadzki: Sou jornalista e não formo opinião de seu-ninguém.”. Foi o bastante para que um amigo professor discordasse de tal afirmação, e procurasse “satisfações”. Ok! Admito que num país recheado de opiniões formadas, fica até difícil ir de encontro a qualquer conceito já pré-estabelecido. E com esse não é diferente.

Formar opinião é coisa séria. Quem se acha formador de opinião no mínimo menospreza a capacidade opinativa, interpretativa e cognitiva de um “indivíduo comum”. Com qual direito alguém se infiltra na mente de outrem, e reivindica pra si opiniões alheias? Em 2005 o ancora do Jornal Nacional, William Bonner, participou de um infeliz episódio onde comparou o telespectador médio com o Homer Simpson. Recentemente a Folha de São Paulo também acabou sendo mal falada nos quatro cantos do mundo pela infeliz idéia de chamar a ditadura brasileira de 1964 de ditabranda.

Os exemplos citados são pops, em debates, aulas e discussões no meio acadêmico, e representam apenas uma pequena parcela do pensamento canastrão que permeia a imprensa brasileira. Penso que o papel de um jornalista é informar, apurar, opinar (sim, opinar! A imparcialidade só é possível na total ignorância.), reportar, denunciar, investigar, fiscalizar e etc. Mas tudo isso deve ser feito com cautela (principalmente o opinar), pois para o “Homer” qualquer juízo tomado pela imprensa poderá parecer a mais soberana verdade. Alguém lembra-se da “Escola Base”?

7 comentários:

  1. Eu penso que a medida tomada seria de promover raciocínio, promover reflexão, apesar de parte do "seu niguém" tomar algumas informações como certas, não se detem a opinião dos outros.
    Por isso, de certa forma, optei pela poesia!

    hahahaha
    abraço mano, espero não ter dito uma besteira gigante!

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  2. Que nada cara! É isso mesmo... o papel do jornalista é incitar a reflexão, o debate, das o respaldo informacional, e até mesmo a sua própria opinião. No entanto ele não deve esperar com isso que as pessoas acatem as suas idéias de imediato, como se ele fosse algum "formador de opinião" (hahaha), sacou? ;)
    .
    Abraço, mano!

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  3. Saquei sim mano, eu aprovo isso!
    (esse assunto da pano pra manga cara,´cai pra cá, bóra tomar um café, hahahah)
    Somo nozes! o/

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  4. "Quem, nos dias de hoje, quiser lutar contra a mentira e a ignorância e escrever a verdade terá que superar pelo menos cinco dificuldades:
    - Ter a coragem de escrever a verdade
    - Ter a inteligência de reconhecer a verdade.
    - Possuir a arte de tornar a verdade manejável como uma arma.
    - Ter a capacidade de escolher aqueles em cujas mãos a verdade se torna eficiente.
    - Ter a astúcia de divulgar a verdade entre muitos."

    Fernando Peixoto, em Brecht Vida e Obra, 1974.

    Penso que a Verdade é imprescindível ao Jornalismo no ato de informar.
    A missão do profissional da comunicação começa pela sua própria opinião, se ele a tem e acredita nela, ótimo.
    Quanto a formar a opinião alheia, isso é coisa secundária. Formadores de opinião são ilusionistas e geralmente mentirosos.
    Nosso jornalismo além de anacrônico é viciado, manipulado e pré-conceituoso, certamente.
    Infelizmente, caro Alex, são raras as mentes jovens que pensam como você e Amanda Posadzki.
    Que se multipliquem, é a nossa esperança.
    Excelente post!

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  5. Somos multiplicadores com opinião. É isso.

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  6. Concordo em partes. O problema desse ponto de vista é dar a entender que NENHUM jornalista forma opinião.

    Imagina um mau profissional, que não apura direito os fatos e não dá a mínima ao papel social que cumpre. Esse daí sabe bem que há, sim, maneiras de influenciar o modo de pensar dos cidadãos, caso apresente apenas um lado da moeda e tenha outros fatores a seu favor (tempo, oratória, campo de alcance...)

    Enfim, acho que trata-se de um ponto de vista delicado para ser defendido sem aprofundamento, como, por exemplo, no twitter.

    No mais, que bom que resolveu se explicar por aqui ;)

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  7. Aê Filé... ja ja chego aí! Ja vai adiantando e pedindo um expresso pra mim! ;);
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    Carlos, a esperança é essa. Que o jornalismo acorde e perceba as suas grandes e históricas falhas... E pra isso acontecer, só nos mesmos;
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    É isso, Amanda;
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    Diano, o assunto é bem delicado mesmo. E eu concordo com o que você disse. Por isso que citei os casos da FSP, do Bonner e da Escola Base. Todos esses foram casos que mecheram com a opinião dos outros... principalmente o da Escola Base, onde por culpa de um jornalismo despreparado e sem compromisso, destruio a vida de várias pessoas. Tudo isso em nome da "formação da opinião".

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