quinta-feira, 25 de março de 2010

Bilhete para minha Pátria


"Oi?", foto retirada do meu Flickr!

Ok, já que é pra discutir relação em público e lavar roupa suja na frente de casa aproveito pra dizer que nunca amei você tanto assim minha Puta, digo minha Pátria. Sempre fingi não saber que você se vendia, me traia, me deixava oco no chão. Estamos quites, portanto. Desejo ainda que seja muito feliz sem este que tanto lhe amou. Darei um jeito também de ser feliz sem você. Nos encontraremos um dia, talvez, na próxima Copa, e fingiremos que não nos conhecemos até o primeiro gol, depois cada um pro seu lado. Acabou, pronto.

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Povo Brasileiro

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Texto escrito por @carllosllimaa como comentário em "Carta para minha puta".

terça-feira, 23 de março de 2010

Começa a 2ª Temporada


Os fatos comovem. Em todos os sentidos. No entanto, a falta de um tratamento adequado por parte da mídia, transformou o que seria uma matéria jornalística, em uma novela, ou até mesmo um seriado: “The Nardonis”.

A 1ª Temporada começou em 2008, quando ocorreu a lamentável morte da pequena Isabella, de apenas cinco anos de idade. Emissoras do Brasil inteiro encontraram aí uma boa fonte de renda e de audiência. “Isabellas” morrem diariamente das formas mais variadas. Mas a maioria atinge apenas o status de um curta-metragem ou apenas um teaser. Nunca chegam a se tornar um seriado.

Antes eu utilizava o termo seriado como uma forma de ironizar a situação do jornalismo brasileiro. Mas uma tia me fez mudar a concepção do termo. Em 2008 ela acordava todos os dias para acompanhar os capítulos transmitidos em detalhes pelo Recordiano “Hoje em Dia”. E com o mesmo tom que ela discutia o paredão do BBB e os dramas das Helenas, ela opinava, criticava, julgava os capítulos transmitidos em “The Nardonis”.

A 2ª Temporada já começou. “The Nardonis – O Julgamento” está sendo transmitido quase aos moldes de um Reality Show. Jornalismo em tempo real? Talvez. Mas ainda arrisco dizer que todo o roteiro, enredo, personagens e argumento já estão escritos. As câmeras posicionadas e a fotografia ajustada. Acredito que jornalismo não se faz assim. Seriados sim. Alguém arrisca dizer qual será o final?

Suplico aos raivosos, sensíveis, delicados e comovidos que não me mande à fogueira santa da inquisição por querer expressar aqui minha opinião. Também sinto muito o terrível ocorrido. Não duvido do sofrimento dos familiares. Da mãe, dos avós, amigos, família... E também desejo uma ação judicial descente para o caso. Só não consigo aceitar que programas de TV, jornais e outros veículos transmitam uma história baseada em fatos reais.


segunda-feira, 22 de março de 2010

Só ela sabe o que deve ser descrito

"Persistência", foto retirada do meu Flickr!


Cada lágrima minha não é por sua total falta de atenção, mas pela minha total discrição e medo. Se haviam laços de olhares, de abraços, tudo foi solto pelo compromisso assumido por você! Mas cada detalhe que vivo lembrando ainda sustenta o doce do amargo.


Ah... O amargo! Qual bela textura, lindo cheiro, palpável olhá-lo, porém, acabou, terminou o que nem começou (clichê?! É porque nunca usas-te) por falta de palavras, por excessiva timidez e grande desmotivação, pois é: desmotivação! Não sei se minha não sei se sua. Porque se houvesse motivação, haveria atração, afeição.


Sinto-me falhar nessa narração-descritiva. Há emoção, mas o que faltou foi uma profunda paixão por um dos dois lados. Como sustentar tal sentimento amargo desprovido de recarga?


Na verdade existe uma maneira cruel, algo mais forte que a dor, para, só então meu peito não se partir, a esperança a qual um dia findará junto à mim quando sem o suspiro da respiração eu ficar anestesiada pra sempre na felicidade de não poder sentir, sentir algo não sentido, não findado e nem começado.


Estarei nos meus sonhos onde posso controlar minha emoção ou bagunçar seu coração, onde tudo e nada acontece, onde nada perece e tudo é felicidade mesmo sendo o impossível, porque a impossibilidade não existe.


Nem ela... Nem ela a qual perturba a paz do existir. Ah... A paz! Belo e terrível o seu paladar, pois se esconde dos perturbados e não é reconhecida pelos excluídos de uma tribo, a tribo que tem o doce e afável olhar mais terno - olhar dos enamorados.


Não sei olhar. Mesmo olhando não percebo, pois flutuo na paisagem da paz e na agonia da solidão, assim fujo para o horizonte onde eu não vejo nada: nem você, nem o amor, nem a falta de percepção, nem a desistência, nem agonia, nem a dor ou a ausência dela. Não vejo nada e nem ninguém e nem vestígios de um dia ter sido Viva!


Alyne Barreto

sexta-feira, 19 de março de 2010

Carta para minha puta



"Manage à trois", foto retirada do meu Flickr!

Meu amor

Nossa relação já se estende por muitos anos. Assim que eu te vi, te descobri. Foi algo mágico... Jamais consegui te deixar! Mas também sou sincero em dizer, que jamais consegui te amar... Não como deveria, não como gostaria!

Vejo a tua beleza, que me fascina, me hipnotiza... Mas fazes dela tua fonte de renda, se prostituindo, se vendendo. Eu te amo, ainda que seja uma prostituta, eu te amo!

Quando entenderás que eu sinto a tua falta. Estás tão próxima a mim, mas nem se quer eu te vejo, nem ao menos em meus pensamentos. Nosso amor já havia sido profetizado. Você é minha, e eu sou seu!

Juro que não desejo outra... Não terei prazer em te trair, mas tu não me deixas escolhas. Jamais você retribuiu todo amor que eu te dei, todas as brigas que comprei por ti, todos os socos que levei por ti.

INGRATA! Minha doce e amada... INGRATA!

Frequentemente vejo-a passando mal, vomitando pelos becos escuros do teu passado, e pelas avenidas esburacadas do teu presente! Frequentemente a vejo...

Nos sinais, nas calçadas, nos lixões.

Jamais alguém soube do profundo amor que tenho por ti.
Por mais que seja um amor puro, sem interesses, me envergonho de amar-te.

Amas quem te USA, e usas quem te ama!

Despeço-me de ti, sabendo que jamais a terei em meus braços, jamais me deliciarei com os teus beijos, ao som das inúmeras músicas feitas pra ti, cantadas pelos teus amantes, que dos quais jamais tive ciúmes.

Permita-me que te ame, seja aquela dos meus sonhos, das bocas dos poetas, das telas dos pintores.

Amo te, minha bela, minha prostituta, minha ingrata, minha assassina... Sou filho deste solo, e comigo jamais foste gentil, mas mesmo assim te amo... PÁTRIA AMADA BRASIL!

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Escrevi esse texto em 4 de março de 2008 com o título "Carta de um relacionamento". Resolvi ressuscitá-lo tanto pela falta de tempo para escrever algo melhor, quanto pela cheiro de política no ar...

segunda-feira, 15 de março de 2010

segunda-feira, 1 de março de 2010

A história que ninguém contou


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Há uma história sobre um tal de Jesus. Talvez já tenha ouvido falar alguma coisa sobre ele. Dizem que, por falta de vagas nos hotéis próximos à rodoviária, sua mãe acabou parindo no curral dos animais. E na falta de um berço decente, o pobre coitado teve que se contentar com o cocho dos animais se alimentarem. Há relatos também de que o casamento de seus pais aconteceu em meio a certas circunstâncias estranhas. Parece que o homem suspeitava que a gravidez de sua futura esposa era de outro. E isso era bem provável, pois ela ainda era comprovadamente virgem. Como diz o ditado: “família é tudo igual… só muda o endereço”. De fato, a inseminação artificial na época era DIVINA!

Lá pelos seus 12 anos, o moleque espichava na altura e começava a por pra fora os ideais reacionários de seu pai (não o de criação, mas o que engravidara sua mãe antes do casamento). Ao invés de ir pro campo de futebol que ficava próximo ao local onde se crucificavam pessoas (na época as penitenciárias não eram muito populares), o pivete insistia em perturbar os religiosos. Enchia todos eles de perguntas. E surpreendentemente, eles até gostavam. Digo que isto é surpreendente por que não se fazem mais religiosos como antigamente. Hoje em dia perguntas não são tão bem vindas. Principalmente se for sobre gastos de dinheiro nas igrejas.

Então Jesus atingiu a maioridade civil! E resolveu que ia fazer uma turnê com sua banda pelas cidades próximas. Como loucura é algo magnético, rapidamente recrutou 12 integrantes. Na época era permitido montar bandas de rock com tantos membros. Hoje em dia, passou de 5, é considerado grupo de pagode. O nome da banda era “O Filho e os homens”. Só tinha um problema: ninguém sabia tocar nada. Mas Jesus era um cara persistente. Como todo bom brasileiro, estava decidido a não desistir nunca! Acabou que por um erro de pronúncia, a banda ficou conhecida como “Filho do homem”. Mas há certa justiça nisso, pois infelizmente a banda não era tão boa. Bom mesmo era o vocalista. Jesus arregaçava com tudo e com todos. As letras de suas músicas mexiam realmente com as pessoas. E curiosamente, não havia nada de tão novo. Fazia algo que o Iron Maiden faz até hoje: citou textos históricos e amplamente conhecidos. E em meio à turnê, multidões começaram a se aglomerar. E graças a seus talentos vocais insuperáveis (desculpe Bruce Dickinson, mas Jesus era o máximo), ficou conhecido por Mestre.

A maioria das pessoas ignorava que o talento de Jesus foi descoberto por um famoso produtor chamado João Batista. Esse tal de Batista era um verdadeiro garimpeiro! Ele inclusive foi o idealizador do primeiro “Rock in Rio Jordão”, show em que Jesus se apresentou publicamente pela primeira vez. O show foi incrível. As pessoas ficaram atônitas, sem entender de onde vinha aquela voz celestial. Infelizmente o pobre Batista não pode agenciar ao Mestre. Como a maioria dos produtores musicais, acabou perdendo a cabeça e foi assassinado de maneira trágica.

Ao contrário do baixista (um tal de Judas), que em seu íntimo desejava fazer carreira solo num futuro próximo, Jesus queria que a banda perpetuasse sua musicalidade por toda a eternidade. E pra isso investiu pesado na formação de cada um dos integrantes. E dedicou-se com afinco durante longos 3 anos de turnê.

A turnê foi um sucesso absoluto. A fama de Jesus o precedia. Multidões aguardavam ao Mestre nas entradas das cidades. E ele era muito amigável e simpático. Não recusava um autógrafo para nenhum de seus fãs. Mas fã é um bicho complicado. Hoje tá atrás de Jesus… amanhã já tá atrás do Calypso. Mas mesmo sabendo que a multidão não era fiel a suas músicas, Jesus continuava a cantar. E desafiava a cada pessoa que encontrava a também montar uma banda. Infelizmente, muitos são chamados, mas poucos escolhem para si este caminho.

Em vista da quantidade de interessados em sua musicalidade, Jesus organizou uma espécie de escola itinerante de música. Chegou a ter setenta alunos, que eram enviados de dois a dois para pequenos shows nas comunidades próximas. Os setenta voltaram de sua primeira apresentação com “sangue nos zóio”. Sentiram pela primeira vez o poder do Rock. Mas Jesus os advertiu que não se empolgassem pela multidão ou pela fama, mas sim por terem o privilégio de cantar músicas tão divinas.

Jesus era um cara estranho. Mesmo podendo hospedar-se nos melhores hotéis, preferia dormir na casa de amigos. E nem eram amigos de longa data. A maioria eram pessoas conhecidas nas ruas, em meio à turnê. Coisa de rockstar mesmo.

E eu poderia contar dezenas de histórias inéditas sobre Jesus e suas incríveis façanhas. Mas o realmente deve ser observado é sua atitude em, sendo o Deus do rock, se fazer acessível como um mero fã, para que todos nós possamos conhecer sua música.

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(Texto do Ariovaldo que recebi via: @love_sa )