sábado, 15 de janeiro de 2011

Preciso dizer como é bom estar vivo



Preciso dizer como é bom poder estar vivo. Preciso dizer como é bom sentar ao teu lado, mesmo que você não faça idéia que ali estou. Eu preciso te dizer o quão bonita você realmente é. Preciso dizer que aquele vestido que você acha que te deixa gorda, é um dos meus preferidos. E ele não te deixa gorda. Conheço todos os seus gostos. Sei a hora em que você acorda, e sei a hora em que você gosta de acordar. Sei qual a roupa com que gosta de ir trabalhar, caminhar, ir à praia, ao shopping... Sei até daquela sua mania de ficar nua quando está sozinha em casa. E sei que isto te faz sentir livre. Li isso em teus lábios, numa conversava que tivestes no telefone com alguém que te deixou muito triste. Sei tudo sobre você. Noto quando você corta “um dedo e meio” dos seus cabelos, só pra aparar as pontas. Ao contrário do seu penúltimo namorado, que reparava tão pouco em você, que possivelmente deve ter te confundido com àquela ruiva que veio do sul, e que passava férias na casa da vizinha dele. Só isso explicaria o fato dele ter te trocado por ela. Talvez nem isso explique. Não... Nem isso explica. Você não faz idéia que eu existo. E ainda que fizesse, não sou do tipo que te atrai. Mas ainda assim eu preciso dizer que é bom estar vivo. Nesses últimos anos, desde que você se mudou para o meu condomínio, minha vida tem ganhado algum sentido. Minha vida tem sido sua. Pra falar a verdade, quando o caminhão de mudanças parou na frente do meu prédio, eu estava prestes a desistir de viver. Se você olhasse pra cima, veria o que sobrou de um homem. Veria um homem caindo em pedaços, com os braços abertos no topo do prédio, esperando que um vento mais forte e uma coragem mais astuta pudessem libertá-lo da opressão desse mundo. Mas daí você apareceu. E seu caminhão de mudanças trouxe para mim uma vida nova. A sua. E é por isso que eu preciso te dizer o quanto é bom estar vivo. Pois a partir desse instante, não mais estarei....

PS: Olhe para a janela na mesma direção em que você sempre olha quando esta triste...


E ela olhou. E viu. Viu um corpo despencar de onde ela jamais achou que existira vida.
Cerrou os olhos pra não ver o fim. Levou as mãos ao rosto e impediu-se de ver a cena por completo. E depois de tanto chorar, percebeu que aquela vida que havia se despedido.... era a sua. E em meio às lágrimas e ao sangue, ele achava-se feliz. Pois sabia que ela jamais o esqueceria. Estaria, portanto, para sempre com ela. Seriam os dois, enfim, um só.



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4 comentários:

  1. Um pouco mórbido e surpreendente. Fiquei com medo de abrir a janela daqui do 3o andar e quis te dizer isso.
    Beijo

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  2. LINDO
    parabéns, você esta escrevendo cada bez melhor!!
    espero crescer e ser parecida com vc
    meu irmãozinho

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