terça-feira, 27 de abril de 2010

Fim


Serei rápido e direto.

Fecharei as portas do blog por tempo indeterminado.

Motivo? Algo que deveria ser uma diversão tornou-se fonte de mediocridades.

Preciso reformular algumas coisas antes de um dia voltar a escrever.

Agradeço muito aos que leram, comentaram e criticaram. Principalmente ao Carlos, que tanto nos comentários quanto nos e-mails, sempre me deu boas orientações, dicas, e tecia ótimas observações. -Te encontro num Café!

Enfim, é isso. Quem sabe um dia eu volte e traga notícias sobre Helena, Alberto, Barbosa e sobre um cara que aos 83 anos descobriu que ainda tinha muito a aprender. Abraços, e até mais.

Considerações


Aos 25, recém-formado, com o cabelo despenteado e a barba mal feita, sentei-me à mesa do bar, pedi um whisky e pensei: "O que posso fazer pelo mundo?"

Aos 45, recém-separado, com o cabelo despenteado e a barba mal feita, sentei-me à mesa do bar, pedi uma cerveja e pensei: "O que posso fazer por mim?"

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Texto que suguei do blog da Helena.

domingo, 25 de abril de 2010

Possessão insone*


Não adianta ficar tentando. Hoje não dá... Já disse que não dá. Tô cansado. Tentei de tudo e não consigo. Não insista, não perturbe. Deixe-me em paz, por favor. Não aguento mais. Não vou te enganar dizendo que isso nunca aconteceu comigo. Aconteceu sim... Várias vezes. Mas é que já passa das 2h00 e você não me deixa dormir. Eu não consigo, já disse. Já falei que não consigo. Não consigo escrever nada...


Pronto! Satisfeita?


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*Baseado em fatos possessivamente reais ocorridos na madruga do dia 26 de abril de 2010.


quinta-feira, 22 de abril de 2010

Esfomeado


Como a morte sem calor;
vive sem respirar;
sem sede, sempre a beber;
encouraçado sem tilintar.
No seco sua derrota,
acha que uma ilhota
é alto monte;
acha que uma fonte
é sopro de brisa.
Macio, desliza!
Como é bom vê-lo!
Só quero que me deixe
Pegar meu peixe,
e depois comê-lo!

Smeagol (ou Gollum?)
J.R.R.Tolkien



(O Senhor dos Anéis - As Duas Torres: Livro IV, Cap. II "A passagem dos pântanos", Pág. 230)

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Na falta de inspiração, resolvi postar coisas interessantes que tenho lido.
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Smeagol domado


"Muitos que vivem merecem morrer. E alguns que merecem viver morrem. Você pode dar-lhes vida? Então não seja tão ávido para condenar à morte em nome da justiça, temendo por sua própria segurança. Nem mesmo os sábios conseguem ver os dois lados."
J.R.R. Tolkien


(O Senhor dos Anéis - As Duas Torres: Livro IV, Cap. I "Smeagol domado", Pág. 224)


sexta-feira, 16 de abril de 2010

Sentado eternamente em berço esplêndido


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Dezessete horas, esta é a quantidade de tempo que passo longe da minha cama, entre a hora que acordo e a que volto a dormir. Sete, é o número médio de ônibus que pego diariamente, segundo dados estatísticos dos dez dedos da minha mão. A cada sete ônibus que pego apenas dois ou três consigo me sentar. E desses dois ou três, apenas um tem vaga na janela.

Ah! A janela.

Santuário de descanso, onde recosto minha cabeça e durmo. Janela de ônibus. Olhando através dela penso que sou rei, bandido, velho, criança, penso apenas que sou eu. Ali é onde resolvo meus problemas, tomo decisões, crio projetos, salvo o mundo. Entre árvores, poste, shopping, poste, lojas, poste, crianças, poste, paradas (tsi!)... Poste... Penso no que farei mais tarde... Aos 83 anos.

Dizem que é dura, desconfortável, e o balanço do coletivo não ajuda. Digo apenas que é meu santuário. Meu berço. Desejaria uma viagem para bem longe, não importa onde fosse só queria ter tempo suficiente para repousar a cabeça e descansar na janela de um ônibus qualquer.


segunda-feira, 12 de abril de 2010

Salgado mais suco, é um e cinquenta


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A menina de sotaque carregado, do interior daquele Estado famoso, conversava comigo,enquanto a chuva batia na janela do ônibus, e eu tentava devorar um pastel de frango e um suco de cajá, que custou aos meus cofres a bagatela de R$ 1,50, ela falava entre, póitas e póiteras, sobre o quão difícil sua vida era. Quando seus pais rumaram ao nordeste, há cerca de dois anos, ela passou a morar em uma república com mais sete mulheres.

“Uma delas era veterinária e insistia em trazer animais estranhos para casa. Era gato sem pata, cachorro sem cabeça...”, contou. Não era difícil perceber a repulsa que a simples lembrança daqueles pobres animais trazia.

Ok, ela reconheceu o exagero na história do cachorro sem cabeça.

Após sair da república, a menina foi morar com o Joca.

Joca estudava Engenharia Florestal, e dedicava todo o seu dia ao cultivo e apreciação de certas ervas alucinógenas, cultivadas de forma caseira em pequenos jarros comprados na feira livre da Rua Felizardo Alegriano Mota. Ela nunca soube o nome de Joca.

“Nada contra - ela comentou – mas é que eu já não agüentava mais aquele cheiro adocicado que empestava minha roupa”.

A menina colocou as roupas em duas pequenas malas, e outros objetos menores numa pequena maleta, e saiu sem avisar nada. Alias, ela deixou um bilhete escrito na porta da farmacinha do banheiro: “Pare de fumar essa merda!”.

Sem avisar nada a ninguém, a menina de sotaque carregado que morava no Estado famoso, veio habitar junto com seus pais a província nordestina. Ela não sabe o que veio fazer aqui. Nem sabe direito porque ainda está aqui. Mas afirma que qualquer coisa é melhor que conviver entre animais mutilados e aromas adocicadas de ervas alucinógenas.

Hoje a menina pegou um ônibus num dia chuvoso e conversou comigo. Íamos para o mesmo destino. Contei as minhas desventuras e ela riu. Não que fossem engraçadas, ou que ela fosse besta. Ela apenas riu. Falei feito uma matraca sobre política, cultura e qualquer outra coisa que me veio à cabeça. E ela riu. Ao final, levantei e me despedi. Ela não lembrara meu nome. Incrivelmente minha memória não falhou. “-Tchau Helena!”.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Barbosa e o amor



E o coitado do Barbosa, depois de anos de batimentos cardíacos, percebeu que seu coração pra mais nada servia.

Ele não tinha mais sentimentos. Por nada, nem por ninguém. Aquele órgão apenas batia.

Tudo isso aconteceu provavelmente após ele descobrir que todos os seus sentimentos, gostos, desgostos, crenças e iras, são frutos de uma parte estranha do danado do cérebro.

Desgostoso com a descoberta, Barbosa decidiu não mais amar, não mais sofrer, nem sentir quaisquer sentimento que outrora em seu coração reinara.

Barbosa agora só pensa...

...e jurou jamais dizer a uma mulher que a ama do fundo do seu cérebro.