sábado, 20 de junho de 2009

Jornalista por [in]formação?

Como já deve ser de conhecimento da maioria, nesta quarta-feira (17), o Supremo Tribunal Federal decidiu por oito votos a um, a inconstitucionalidade da exigência do diploma de jornalista para exercício da profissão. Uns se descabelaram e ameaçaram fechar a conta e passar a régua, outros aplaudiram aos montes o sumiço do que alguns chamavam de “resquícios” da ditadura, e teve até quem dissesse que entraria com uma ação reivindicando os anos que foram “perdidos” nas cadeiras da universidade, e a láurea que só serviu pra orgulhar papai e mamãe.

Na verdade, creio eu que nessa gritaria toda estão esquecendo de discutir o que mais interessa, o jornalismo. Se de um lado Gilmar Mendes o compara com culinária e costura – o Ministro as utilizou de forma preconceituosa e em tom de desqualificação, no entanto vale ressaltar que ambas são profissões tão dignas quanto qualquer outra – do outro lado, uma parte da classe reivindica por meio da FENAJ e Sindicatos o tão falado diploma, alegando que profissões como medicina, direito e demais, só podem ser exercidas com o diploma – e no caso do direito, ainda existe um “desafio bônus” que é a tão querida prova da OAB.



Pois bem, diante disso eu pergunto “E o jornalismo, onde entra na história?”. De nada adianta meter outros cursos em uma discussão tão delicada e complicada como essa, pois como bem falou a jornalista doutora em Ciências da Comunicação e atualmente professora no curso de Comunicação Social da UFRN, Maria do Socorro Veloso, “nós jornalistas temos crise de identidade”, nós nem ao menos sabemos quem somos, o que somos e – para completar a tríade – pra onde vamos.

De fato a decisão do STF foi por demais prematura, e, conseqüentemente, irresponsável, abrindo brechas para que problemas maiores, como a redução do piso salarial, venham bater às portas das redações. Mas, ainda quero acreditar na existência de jornalistas e pretendentes, que se preocupam com qualidade, capacitação e acima de tudo com o jornalismo, e que os tais conseguirão lutar pela classe, pela sociedade e pelo veículo, seja com diploma ou sem diploma. Aos que prezam pelo jornalismo responsável, e acreditam que o tempo gasto em uma faculdade não foi perdido, pouca coisa mudará. Já aos que choramingam pelos cantos, ameaçando trancar faculdade, mudar de curso, ou qualquer coisa do tipo, uma dica: termine o curso, vá em frente, um diploma de nível superior gera mais oportunidades no ramo dos concursos públicos, o jornalismo agradece.

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