Já vai fazer uma semana que não ouço direito, na verdade não tem nada a ver com meus ouvidos, o problema esta na boca dos outros. Essa discussão sobre a prudência está um saco. Todos ladram e, até agora, só o STF mordeu. O que me deixa surdo e consequentimente irritado, é que diante de tudo isso, reinam as falácias embrulhadas em papel de seda. O STF votou a favor da queda da prudência no jornalismo - segundo eles - em nome da liberdade de expressão. O Supremo derrubou a prudência sem um debate público, sem discutir a profissão, os riscos, as benécies – por mais que a discussão já fosse de longa data. O Supremo foi imprudente.
E nessa discussão poucos são os que falam algo sensato, com argumentos que não visem única e exclusivamente, o seu umbigo. Os estudantes choramingam pelos cantos das universidades, estudantes do RS fizeram protestos vestidos de palhaços, tudo isso em nome de que? Do jornalismo? Nem sonhando. Os estudantes utilizam o disfarce da “causa da sociedade”, “pelo bem do jornalismo”, pra esconder o verdadeiro argumento, nenhum deles quer ter o seu “tempo perdido” dentro de uma universidade. Novamente eu pergunto, -Será que é tempo perdido?
Do outro lado, as vozes dos profissionais que não receberam a prudência em uma universidade – muitos deles, grandes nomes da imprensa nacional e internacional, os quais nos, estudantes de jornalismo, estudamos suas obras, suas técnicas, suas dicas, estranho não? Pois bem, novamente não se tem uma luta pelo jornalismo. As reivindicações destes, possuem como pano de fundo, a inutilidade do ingresso em uma faculdade para aqueles que já trabalham na área. Novamente, o que reina são os umbigos.
A obrigatoriedade da prudência, para o exercício do jornalismo, foi outorgada durante a ditadura. No entanto, jamais as portas das redações se fecharam para aqueles que se mostraram competentes para o exercício da profissão, nem muito menos para aqueles que a adquiriram em alguns anos de faculdade. A prudência não é garantia de qualidade, competência, profissionalismo, menos ainda a sua ausência. Aos que querem se escorar na prudência adquirida em 4 ou 5 anos de vida acadêmica para conseguir um emprego, boa sorte. Aos que depois de passarem anos em uma faculdade, ou até mesmo em uma redação, não se importando com a prudência, mas sim em serem prudentes, à esses presto minhas admirações, pois todo jornalista, com ou sem prudência, tem a extrema obrigação de serem – quer o STF queria, ou não – prudentes.