quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Cartas de Azé


Afranio era um amigo amável, bebia bem, batia mal, bancava o babaca, mas era bacana. Carla sempre com cara de cansada, confessava se fazer de cega. Dormia pouco, dopava-se de drogas. Deitava.... dormia. Ele estava errado em querer entendê-la, ela era esperta, não se enganava à toa, fazia o que queria, da forma que bem entendia, filmava-o de relance, fingindo saber de nada. Fazia pouco. Garganta coçava, gritava, gemia.

Hipócrita! Insensível, incapaz de ignorar a irrelevância depositada em berços de ira. Jamais jantaria com ela, janela aberta, jeito faceiro, mas... jamais jantaria com ela. Lançava olhares, levava rosas, lambia os lábios. Lamentava as luzes ainda estarem ligadas. Meia noite, meia luz, musica melosa, meiga, mole. Nada naquela noite faria nascer um amor, um namoro, um nada.

Olhos se desencontravam, obrigavam-se a não se olharem. Parecia mesmo que ele partiria para sempre, sem jamais se perder nela. Queira eu estar errado, tanto quanto ela não queria. Riscou a rua, num rumo certo. Sabia o que sentia. Sofreria? Sentiria seus últimos suspiros sumirem? Seduzido tentou tatea-la, traduzindo o que trazia no peito. Uniu-se a ela em uma única visão de virtudes, valores e vergonhas. Vestida com um xale segurava uma xícara... de chá? Ela não é uma zabaneira para ser zombada assim. Ame-a, apenas retorne ao início e... ame-a.

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