sábado, 29 de maio de 2010

Sete Mares



Desde pequeno um desejo lhe ardia o peito e lhe tirava o sono. Agora já era grande, dono de si. Sabia o que queria. Realizaria seu desejo. Conferiu os suprimentos, os mapas, e a embarcação. Partiu. Em terra firme deixou apenas um recado, fixado numa placa próxima ao porto:

“Vou navegar pelos sete mares. Sentirei saudades!”
Alberto

E lá se foi Alberto. Ninguém sabe de quem ele sentirá saudade. Não tem família, amigos, ou mulher. Não tem nada. Ou talvez seja o nada tudo que ele tem. Diante da imensidão do mar, quem sabe seja justamente do nada a saudade que já começava a invadir-lhe o peito. Boa viagem Alberto. Só não se esqueça de escrever.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

A eterna epopeia do homem



De que vale o homem entender, cantar, escrever ou interpretar a alma feminina? Que fará mais ele da vida, depois de ter conseguido tal feito? Cantará feitos e glórias enquanto a vida passa? Pobre homem.

A grande - e eterna - epopeia masculina consiste na descoberta da alma de uma mulher. Nos jeitos, trejeitos, e rejeitos. Nas caras, na fala, e no silêncio. Jamais compreenderei a alma feminina.

Enquanto Jorges, Chicos, Tons e Vinícius, cantam as glórias de suas descobertas, eu sigo navegando sem saber quando, como, ou onde irei atracar. Refaço diariamente os cálculos e repenso as descobertas. Desfruto dos pequenos achados e reavalio os fracassos.

Da alma feminina não quero a glória. Sabe-se lá o que a alma de uma mulher nos guarda, e considero crime privar um homem dos prazeres dessas descobertas. Sou homem, sou navegador. Ela mulher. Mares nunca dantes navegados. Caminhando pelo seu corpo, guiado pela sua voz, ao som da sua respiração... vivo.


quinta-feira, 13 de maio de 2010

Dezesseis dias


"...sabendo que andei distante
Sei que essa gente falante vai agora ironizar
Ele voltou, o boêmio voltou novamente
Partiu daqui tão contente por que razão quer voltar"

E o que eu posso fazer se só aguentei 16 dias?