quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Viver, verbo irregular

“Viver é verbo irregular, não se conjuga igual para todo sujeito”

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Ontem me senti incrivelmente vivo, parecia que eu havia tomado a bebida púrpura: o pãozinho de queijo acompanhado de suco de cajá pesava mais que o normal na minha barriga (e eu já pensava na pizza com amigos a noite); o carinho através da mensagem que recebi no meu celular me emocionava mais que o normal; as roupas de marcas e a cadeira alcochoada me faziam sentir extremamente confortável, ainda mais com aquele forte ar condicionado – eu conseguiria adormecer mesmo estando de cabeça pra baixo.

Eu estava em um treinamento do trabalho. Ainda sou estudante de faculdade, mas já recebo um salário mínimo por trabalhar 5 horas diárias. É, eu tive acesso a educação. Sou a elite cultural do meu país.

Já é fim de tarde, fim de treinamento. Desco as escadas e vou beber água antes de ir embora. É, água era necessário para ajudar a tomar a pílula vermelha antes de sair. Respiro fundo. Dou “adeus” a recepcionista e ao segurança. Hesito. Afundo as mãos nos bolsos como de costume e saio.

Faço um sinal negativo para um menino que me pede moedas – ele cheirava cola por não ter pão de queijo -, dou um “oi” para o ‘pastorador’ de carros e vejo os dois travestis de longe já chegando para o seu trabalho – o turno deles era após o meu (ah, e sobre o pastorador e os travestis, eles não são elite cultural). Antes de chegar na parada cheia de fumaça de comércio informal, passo pelos outdoors de “compre” perto de um grande templo arrodeado de aleijados que não usam roupas de marca. Nenhum, de todos que vi, ganham um salário mínimo por 5 horas por dia, muito menos trabalham em cadeiras alcochoadas e ar condicionado.

Isso tudo em um cenário cinza, as vezes colorido. Mas um colorido frio. De pedra. Ao som estridente de buzinas de carros que entopem as vias e causam problemas cardíacos na cidade.

Caos. Pílula vermelha. Bebida Púrpura.

Já me sinto morto. Há muito tempo.

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Texto do meu amigo Seu Padilha, que pode ser apreciado na Bodega mais próxima.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

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Sabe aqueles dias em que você não faz a mínima idéia que dia é? Onde todos os dias são como se fossem cópias uns dos outros, e você vai vivendo em meio a déjavús cotidianos? Pois bem, ultimamente é assim que tenho me sentido... parte pelo excesso de trabalho, parte pela escassez de tempo vago. Passei por aqui apenas para tirar um pouco das aranhas e traças cibernéticas, e para quebrar um pouco desse déjavú, ja não aguentava mais entrar aqui e me deparar com o mesmo post...!

Então este post aqui, não tem nada de tão significativo, é apenas uma tentativa de transforma o cotidiano, sabe como são esses pseudo-revolucionários que jamais tiram a bunda da cadeira pra fazer algo né?! Sim, estou falando de mim mesmo... VIVA LA FALACION!